quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Vinte anos a embalar as noites de milhares de portugueses

A longevidade do Oceano Pacífico torna-o um caso à parte no panorama das rádios portuguesas. Com a primeira edição a ir para o ar a 15 de Outubro de 1984, o programa soube manter-se fiel aos seus princípios fundadores, e jamais se afastou da rota definida pelo seu timoneiro - o locutor João Chaves, responsável pelas quatro horas mais suaves da RFM.

Celebrar os 20 anos deste programa, iniciado ainda nos tempos da Renascença FM, é celebrar um conceito que persiste sem rectificações de modas e tendências, preocupado apenas com a sua chave simples e original: «Música calma e de qualidade para relaxar as pessoas.» Não é preciso mais, não há grandes segredos e teorias. E a prová-lo está a média diária de ouvintes, em pleno ano de 2004: entre 100 e 150 mil pessoas.

Numa apropriada comemoração, João Chaves convidou a equipa da RFM, alguns amigos e ainda diversos fãs para uma esplêndida viagem pelo rio Douro, com partida no cais de Gaia e chegada à Vila do Pinhão. Foram horas de tranquilidade ao som de alguns temas que celebrizaram o programa, atravessando-se paisagens magníficas e as três barragens que pontuam o percurso. (...)

Vinte anos de Oceano Pacífico, vinte anos sem mexer na ideia. E o seu autor apresenta-se calmo, desassombrado, poupando as palavras como o faz todos os dias entre as 22.00 e as 2 da manhã. «O programa começou sem um ciclo de vida definido», explicou João Chaves.

Surgiu para criar uma alternativa à televisão, já na altura o grande obstáculo a um serão mais pacífico. «Acho que as pessoas gostam, ao fim de um dia de trabalho, de se deixarem levar por canções calmas, baladas, algo que lhes dê um pouco de tranquilidade e romantismo.» Esse romantismo que levou alguns dos ouvintes a iniciarem relações ao som de Prince, Procul Harum, The Korgis, Cars ou Roxy Music. «Hoje em dia quem ouve o programa são as mesmas pessoas dos anos 80, e nalguns casos os filhos deles, a quem foi passado o gosto.»

João Chaves referiu ainda a tendência que existe na rádio de se copiarem os modelos de sucesso, o que contribui para uma uniformização de conteúdos. «Este já foi o programa mais imitado da rádio portuguesa», assegura o locutor. Mas os clones foram-se, enquanto o Oceano continuou pacífico.

Ricardo Jorge Fonseca / DN, 25/10/2004

Programa de rádio Oceano Pacifico - 20 anos